sábado, 4 de fevereiro de 2012


A decisão de um buda

Edição 521 - Publicado em 07/Janeiro/2012 - Página 66



Sakyamuni e seus discípulos usavam a melhor de suas habilidades para propagar o budismo
OS DISCÍPULOS do Buda Sakya­­muni tinham diversas habilidades. Purna, por exemplo, era o melhor para propagar a lei. Ao expor os ensinos, as pes­soas que o ouviam sentiam imensa alegria. 
Certa vez, ele decidiu viajar para uma longínqua terra a fim de propagar os ensinos de Sakyamuni. Antes de partir, Purna e o Buda travaram um diálogo repleto de benevolência e determinação. Sakyamuni começou dizendo:
— Purna, as pessoas daquela terra são conhecidas como de temperamento rude. Sem compreender as razões das coisas, elas constantemente falam mal dos outros. Com certeza, vão ridicularizá-lo e maltratá-lo. Quando isso acontecer, o que fará?
Purna responde:
— Se isso acontecer, direi a mim mesmo: “Como não me golpeiam com seus punhos, as pessoas desta terra são boas”.
— Se baterem em você com bastões, o que fará?
— Direi a mim mesmo: “Como não me chicoteiam, são pessoas boas”.
— E se o chicotearem?
— Direi a mim mesmo: “Como elas não me ferem com espadas, são pessoas boas”.
— E se elas o ferirem com espadas?
— Direi a mim mesmo: “Uma vez que não me matam, são pessoas boas”.
— O que, então, dirá você, Purna, se for morto pelas pessoas daquele país?
Sem hesitar, o discípulo respondeu:
— Há alguns que procuram a morte. Uma vez que, ao ser morto sem procurar a morte, poderei descartar este corpo pobre e impuro em prol da lei budista, isso me trará a maior alegria.
Sakyamuni tranquilizou-se.
— Muito bem!, disse ele — Se você possui essa determinação, tudo estará bem. Vá e seja vitorioso.
Esse diálogo entre mestre e discípulo tem muito a ensinar. A cada situação apresentada por Sakyamuni, Purna mantinha sua determinação e renovava o desejo de ensinar às pessoas sobre o budismo. Essa atitude é coerente com o juramento de propagar o ensino de Sakyamuni.
Outro ponto é a Consistência do Início ao Fim de seu comportamento. Mesmo se fosse maltratado e até morto, a conduta e o desejo de propagar e respeitar as pes­soas continuariam inalterados. Esta é a consistente ação de um buda.
Susan Scaranci Ribeiro
Da Redação - Revista Terceira Civilização.